Um relatório internacional divulgado pelo projeto Fairwork Cloudwork Ratings 2025 revelou condições preocupantes no trabalho remoto mediado por plataformas digitais. O estudo, coordenado por pesquisadores da Universidade de Oxford e do instituto WZB Berlin, avaliou 16 plataformas globais e entrevistou 750 trabalhadores em 100 países. A média de avaliação foi de apenas 3,5 em 10, com destaque para problemas como pagamentos abaixo do salário mínimo, atrasos e falta de transparência nos contratos.
Entre as principais questões identificadas estão a ausência de proteção social, a exposição a conteúdos violentos sem suporte adequado e a dificuldade de organização coletiva. Apenas quatro das 16 plataformas analisadas comprovaram remuneração igual ou superior ao salário mínimo local, mesmo em um setor que movimentou US$ 557 bilhões em 2024. Trabalhadores relataram receber valores em cartões-presente, exigindo esforços extras para converter em dinheiro, enquanto empresas se eximem de responsabilidades sobre saúde e segurança.
No Brasil, o Ministério Público do Trabalho alerta para a precarização e defende a aplicação da legislação trabalhista vigente até que uma regulação específica seja aprovada. O projeto de lei em discussão no país ainda é considerado insuficiente por não abranger todos os tipos de trabalhadores em plataformas. Especialistas destacam a urgência de normas globais para garantir direitos básicos, como jornada adequada e remuneração justa, em um mercado que deve atingir US$ 647 bilhões em 2025.