O julgamento sobre a acusação de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 chegou a uma fase crucial, com testemunhas apresentando relatos contraditórios. Durante duas semanas, ministros ouviram cerca de 50 depoimentos, incluindo ex-militares e ex-ministros, que confirmaram ou negaram a existência de um plano para impedir a posse do presidente eleito. Enquanto alguns afirmaram ter recebido propostas de medidas excepcionais, outros declararam nunca ter ouvido menções a ações ilegais. O ex-presidente, que nega as acusações, pode enfrentar até 40 anos de prisão se condenado.
Os depoimentos reconstituíram eventos como os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram sedes do poder em Brasília. Autoridades relataram alertas prévios sobre os riscos de invasão, mas a intervenção só ocorreu após os atos. Um ex-comandante do Exército afirmou ter optado por uma ação coordenada para evitar maior instabilidade. Testemunhas ligadas à defesa, por outro lado, negaram qualquer envolvimento do ex-presidente em supostos planos de ruptura democrática.
O caso segue com interrogatórios marcados para a próxima semana, e o veredicto deve ser divulgado nos próximos meses. Enquanto a acusação sustenta a tese de uma organização criminosa, a defesa argumenta que não há provas concretas de intenção golpista. O julgamento tem repercussões políticas significativas, especialmente diante da possibilidade de o ex-presidente ficar inelegível.