Desde abril de 2023, a Ucrânia, profundamente afetada pela invasão russa que perdura por mais de três anos, destaca-se no cenário internacional ao adotar um programa pioneiro de terapia psicodélica. O país tornou-se o sétimo a implementar o Programa Internacional de Educação de Terapeutas da Maps, que já formou mais de 300 terapeutas em mais de 30 países. Este programa treina profissionais, principalmente psicólogos militares e clínicos, para administrar terapia assistida por MDMA, apesar de seu status legal ainda ser controverso na Ucrânia. A chegada deste programa ao país é um marco, particularmente notável dada a ausência de tradição em pesquisa psicodélica desde os tempos soviéticos, preparando o terreno para uma discussão mais aprofundada no próximo parágrafo.
O treinamento dos terapeutas é liderado por Rick Doblin, fundador da Maps, juntamente com uma equipe de instrutores locais e internacionais. A escolha pelo MDMA, substância ainda não aprovada pela FDA dos EUA, visa atender uma crescente demanda por tratamentos inovadores em regiões traumatizadas por conflitos e crises humanitárias. O contexto histórico da Ucrânia, marcado por uma rígida repressão às drogas durante o regime soviético e a subsequente abertura pós-revolução de 2014, ilustra os desafios e as possíveis transformações na percepção pública sobre terapias alternativas. Este programa não só responde às necessidades imediatas de saúde mental, mas também pode influenciar positivamente as políticas de drogas e de saúde no país a médio prazo.
Olhando para o futuro, a continuidade e expansão deste programa na Ucrânia poderão servir como um importante estudo de caso sobre os impactos da terapia assistida por psicodélicos em uma sociedade pós-conflito. Isso se alinha com uma tendência global de reavaliar o papel dos psicodélicos na medicina, potencialmente pavimentando o caminho para reformas legais e regulatórias mais amplas. A experiência ucraniana poderá oferecer insights valiosos para outros países que enfrentam desafios semelhantes, e, possivelmente, redefinir práticas de saúde mental em escala global. Este desenvolvimento, embora em estágio inicial, promete suscitar um debate robusto e necessário sobre as fronteiras entre a medicina, a lei e a ética na era moderna.