Nos dias subsequentes ao inédito ataque militar direto dos Estados Unidos ao Irã, realizado pela primeira vez desde a fundação da República Islâmica em 1979, a retórica em Washington sobre a possibilidade de mudança de regime em Teerã ganhou nova vida. Em declarações via redes sociais, no domingo, o presidente Donald Trump insinuou essa possibilidade, e na segunda-feira, Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, intensificou o discurso ao declarar que, sem um acordo para uma ‘solução diplomática pacífica’, os iranianos deveriam se insurgir contra seus líderes. Esta abordagem marca uma mudança notável, considerando a relutância histórica de membros do gabinete em evocar a ideia de mudança de regime, devido às suas associações com fracassos militares e estratégicos anteriores.
A retomada deste discurso pode ser vista como uma tentativa de pressão máxima sobre Teerã, embora carregue o peso de um legado histórico problemático. O próprio Irã foi cenário, nos anos 1950, de uma operação conduzida pelos EUA e pelo Reino Unido para depor seu líder democraticamente eleito, o que resultou em longas décadas de instabilidade no Oriente Médio. Segundo especialistas, a reativação da retórica de mudança de regime pode tanto desencadear uma onda de nacionalismo defensivo por parte do Irã, quanto aumentar o isolamento internacional do país. Ainda assim, diversos stakeholders, incluindo aliados europeus e grupos de direitos humanos, expressam preocupações com as potenciais consequências humanitárias e geopolíticas de uma escalada de confrontos.
Olhando para o futuro, a insistência na mudança de regime pode redefinir as dinâmicas de poder no Oriente Médio e afetar globalmente a estabilidade política e econômica. A persistência deste discurso em Washington, segundo analistas, reflete uma estratégia que, apesar de arriscada, busca recalibrar as relações internacionais no contexto de crescentes tensões globais. Os próximos meses serão cruciais para determinar se essa abordagem irá conduzir a uma nova fase de diplomacia ou se desencadeará novos conflitos, deixando o mundo em suspense sobre as implicações de longo prazo dessas movimentações políticas.