A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, intensificou as negociações com líderes do governo e da base aliada após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), agendar para esta quarta-feira uma votação crítica que pode revogar o recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida, implementada pelo governo, é estimada pelo Ministério da Fazenda a arrecadar cerca de R$ 10 bilhões este ano. A surpreendente decisão de Motta desferiu um golpe inesperado ao Palácio do Planalto, que esperava utilizar as próximas semanas para apaziguar as crescentes tensões com o Congresso. Em resposta, Hoffmann não procurou Motta diretamente, mas optou por uma série de reuniões estratégicas em seu gabinete para redefinir a abordagem do governo.
O cenário se complica à medida que a resistência de Motta em reconsiderar sua posição coloca em risco a estabilidade fiscal projetada pelo governo. Segundo analistas políticos, a revogação do aumento do IOF não apenas afetaria a arrecadação prevista como também poderia desencadear uma série de reações adversas no relacionamento entre o Executivo e o Legislativo. Além disso, o timing da votação é particularmente delicado, visto que ocorre em um momento onde o governo já enfrenta desafios significativos em outras frentes legislativas. A base aliada, conforme relatos de insiders políticos, vê a escolha do deputado do PL para relatar o projeto como um sinal de ruptura no diálogo, aumentando ainda mais a incerteza sobre o possível desfecho da votação.
As implicações de longo prazo da votação e a possível derrota do decreto preocupam não apenas o governo, mas também os mercados financeiros e instituições fiscais. A instabilidade gerada pode afetar a credibilidade do Brasil em manter uma política fiscal responsável, essencial para a confiança dos investidores. Caso a votação resulte na revogação do aumento do IOF, espera-se que o governo busque alternativas para compensar a perda de receita, o que pode incluir cortes de gastos ou novas medidas tributárias. Essa situação coloca em perspectiva a complexa dinâmica entre as necessidades fiscais do país e as decisões políticas, deixando o público e os analistas em alerta quanto aos próximos capítulos desta conturbada relação entre o governo e o Congresso.