Durante sessão solene no Senado Federal nesta segunda-feira (23), a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Distrito Federal (Sindepo-DF), Cláudia Alcântara, fez um apelo contundente por mais valorização e dignidade para os policiais civis. A cerimônia, que homenageava o Dia do Policial Civil, serviu de palco para que Alcântara destacasse os desafios emocionais, físicos e familiares enfrentados diariamente pelos profissionais da segurança pública. “Quem cuida da sociedade precisa ser cuidado”, afirmou. A delegada enfatizou o crescimento dos casos de adoecimento na categoria, associado ao estresse constante da função, e reforçou que a discussão vai além de salários, envolvendo também saúde mental e qualidade de vida.
Segundo a presidente do Sindepo-DF, os policiais civis lidam com uma rotina que inclui confrontos com a violência, investigações de crimes graves e longas jornadas de trabalho, muitas vezes sem o respaldo institucional adequado. “Entramos onde ninguém entra, enfrentamos o crime sem poder correr”, declarou. De acordo com Alcântara, esse cenário tem levado à crescente medicalização dos agentes, afastamentos por problemas psicológicos e impactos severos nas relações familiares. Ela também cobrou a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que garantiria pensão integral para policiais civis, medida que, segundo a entidade, reconheceria juridicamente os riscos da profissão. Parlamentares presentes manifestaram apoio, mas reconheceram que o avanço da proposta enfrenta entraves orçamentários e políticos.
A mobilização no Senado reflete uma tendência nacional: a crescente demanda por políticas públicas que contemplem o bem-estar dos profissionais de segurança. Governos estaduais vêm sendo pressionados a ampliar programas de assistência psicológica e melhorar as condições de trabalho nas corporações. No caso do Distrito Federal, a expectativa é de que o debate avance no Congresso nas próximas semanas, com audiências públicas e articulações junto à bancada do DF. Para especialistas, o reconhecimento institucional do sofrimento psíquico desses profissionais é essencial para que a segurança pública seja mais eficaz e humana. A fala de Alcântara, nesse sentido, ecoa uma mudança de paradigma: proteger quem protege pode ser o primeiro passo para uma sociedade mais segura.