O Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros, a Selic, para 15% ao ano, conforme divulgado na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta terça-feira (24). O novo patamar, o maior desde julho de 2006, foi resultado de uma decisão unânime do comitê, que avaliou a persistência da inflação, a resiliência da economia e as incertezas internacionais. Esta é a sétima alta consecutiva desde o início do atual ciclo, em setembro de 2022, e a quarta sob a presidência de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com o novo aumento, a Selic acumula alta de 4,5 pontos percentuais no período, reforçando o tom cauteloso do BC, que sinalizou a possibilidade de estabilização no atual nível por um “período bastante prolongado”.
A decisão reflete a preocupação das autoridades em conter a inflação e trazer o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para a meta de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual. Segundo a ata, o Copom está atento à pressão inflacionária, especialmente em setores de serviços e alimentação, e ressalta que novas altas só ocorrerão em caso de deterioração significativa do cenário econômico. Especialistas observam que o Brasil segue um dos países com juros mais altos do mundo, o que gera impacto em investimentos e no crédito. No entanto, o BC argumenta que a medida é necessária para ancorar expectativas e evitar descontrole inflacionário, especialmente diante de um contexto global incerto, marcado por conflitos geopolíticos e desaceleração econômica em grandes potências.
Olhando para o futuro, a estabilidade do atual patamar de juros poderá trazer alívio para os mercados, mas também representa um desafio para o crescimento econômico e a população endividada. Analistas apontam que, enquanto o BC mantém vigilância sobre a inflação, o governo federal enfrenta maior pressão para estimular a economia sem comprometer o controle fiscal. O cenário também reacende o debate sobre o papel da política monetária em um país com desigualdades tão acentuadas. Para os próximos meses, espera-se que o Copom avalie com cautela os desdobramentos do cenário doméstico e externo, sempre com a meta inflacionária no horizonte, mas sem descartar ajustes pontuais caso surjam novos choques econômicos.