Celebrado em 24 de junho, o Dia de São João marca uma das datas mais festivas do calendário católico e nordestino. A comemoração homenageia João Batista, primo de Jesus Cristo, e ocorre em meio às tradicionais festas juninas que tomam conta do Brasil, especialmente no Nordeste. As celebrações mais emblemáticas acontecem em Campina Grande (PB) e Caruaru (PE), atraindo milhões de visitantes todos os anos. A origem dessas festas, no entanto, remonta à antiguidade, quando povos do hemisfério norte celebravam o solstício de verão e o período de abundância agrícola. Com o avanço do cristianismo, essas tradições foram incorporadas pela Igreja, que passou a associá-las à figura de São João. Esse sincretismo histórico ajuda a explicar a força cultural dessas festas até os dias atuais.
A importância de João Batista para o cristianismo vai além das festividades juninas. Considerado o precursor de Jesus, foi o primeiro a anunciar sua chegada ao povo judeu, conforme relatos bíblicos como o do Evangelho de Lucas: “Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor”. Outro legado marcante de João Batista foi a prática do batismo por imersão no rio Jordão, que se tornou um dos principais sacramentos da fé cristã. Curiosamente, ele é um dos poucos santos canonizados sem registro de milagres, o que reforça o caráter simbólico de sua missão. Para estudiosos da religião, como o teólogo Marcos Ribeiro, “a influência de João está mais ligada à sua mensagem e ações do que a fenômenos sobrenaturais”. Seu papel como elo entre o Antigo e o Novo Testamento o torna figura central na narrativa cristã.
Nos dias atuais, a festa de São João representa mais que uma celebração religiosa: tornou-se um fenômeno cultural e econômico de grande porte. Além de movimentar o turismo e a economia local, especialmente no Nordeste, as festas juninas reforçam a identidade cultural brasileira, misturando elementos europeus, indígenas e africanos. A tendência é que, nos próximos anos, essas celebrações ganhem ainda mais visibilidade, com apoio de políticas públicas e investimentos em patrimônio imaterial. Enquanto isso, a valorização de figuras como João Batista reacende o debate sobre fé, tradição e os caminhos da religiosidade popular no Brasil contemporâneo. Em um país plural como o nosso, São João continua sendo uma ponte entre o sagrado, o simbólico e o festivo.