A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres apresentou um relatório técnico ao Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira, 23, alegando que o polêmico documento apelidado de “minuta do golpe” encontrado em sua casa em 2023 é substancialmente diferente daquele atribuído ao tenente-coronel Mauro Cid. Este relatório, autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes em junho, reforça a tese de que Torres não participou ativamente da tentativa de ruptura institucional que ocorreu em 2022. Segundo a defesa, o documento encontrado em posse de Torres é uma impressão simples, sem assinatura ou metadados, e com conteúdo distinto da versão que supostamente propunha estado de sítio e a prisão de ministros do STF.
O relatório técnico é parte de uma estratégia da defesa de Torres para dissociá-lo de qualquer tentativa de golpe, sustentando que o documento em questão é compatível com um texto público previamente registrado em cartório e publicado pelo site jurídico Conjur. Advogados afirmam que esta versão não possui qualquer valor operacional, ao contrário da minuta atribuída a Cid, que continha propostas explícitas de intervenção militar. A defesa argumenta que a diferença nos conteúdos e na forma de apresentação do documento é crucial para demonstrar que Torres não tinha intenção de implementar ações golpistas. Segundo especialistas consultados, a distinção entre as minutas pode ser um ponto decisivo na avaliação do tribunal.
As implicações desse relatório são significativas, pois podem influenciar o curso dos processos relacionados ao caso de tentativa de golpe no Brasil. Se a tese da defesa for aceita, Torres pode ver sua situação judicial se atenuar, destacando uma possível separação entre diferentes níveis de envolvimento nos eventos de 2022. O caso também levanta questões sobre a circulação e a manipulação de documentos sensíveis em contextos políticos, um tema que deve continuar a reverberar nas discussões sobre segurança institucional no país. Observadores aguardam os próximos passos do STF, que incluem a acareação entre Mauro Cid e outros envolvidos, o que pode trazer novos desdobramentos à luz das recentes revelações.