A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou um relatório detalhado sobre o impacto das enchentes no sistema educacional do Rio Grande do Sul. Elaborado pela subcomissão específica para o tema, o documento, apresentado pela deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), propõe 18 medidas para mitigar os efeitos de desastres climáticos nas escolas. De acordo com o relatório, 1.106 escolas estaduais, correspondendo a 47,1% da rede, foram afetadas pelas inundações, impactando diretamente mais de 400 mil estudantes que perderam aulas. A situação também refletiu no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), onde 52% dos inscritos gaúchos faltaram, o dobro da média nacional, aumentando a urgência por soluções efetivas.
O relatório não apenas quantifica os danos, mas também explora profundamente as razões por trás dos números alarmantes. Entre os problemas destacados estão a evasão escolar e a sobrecarga dos professores, exacerbados pela falta de recursos e estrutura para enfrentar crises climáticas. Segundo Fernanda Melchionna, foram registradas 47 mil comunicações de alunos infrequentes, com 34 mil deles potencialmente em evasão. A deputada salienta que a maioria destes casos ocorre na educação municipal, o que requer uma colaboração interinstitucional para reverter o quadro. Além disso, a precarização do trabalho docente e a falta de transparência nos dados são obstáculos críticos que o relatório busca confrontar através de suas recomendações.
O futuro do sistema educacional gaúcho depende de ações concretas e coordenadas que levem em conta as mudanças climáticas e suas consequências. As 18 propostas sugeridas no relatório visam não apenas reparar os danos imediatos, mas também construir uma resiliência estrutural para enfrentar futuras adversidades. Entre os próximos passos, destaca-se a necessidade de investimentos em infraestrutura escolar resistente a eventos climáticos extremos e o fortalecimento das políticas de busca ativa para combater a evasão. Este relatório coloca em evidência a interseção entre educação, gestão pública e sustentabilidade, instigando uma reflexão sobre a importância de políticas públicas integradas para lidar com desafios multifacetados como o das enchentes no Rio Grande do Sul.