Em relatório apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro era o ‘principal destinatário do produto das ações clandestinas e da instrumentalização da Abin’. O documento menciona que a agência, então dirigida por Alexandre Ramagem, teria atuado sob orientação do ex-presidente. Bolsonaro não foi indiciado neste caso, mas já enfrenta processo no STF por suposta trama golpista. A decisão sobre novas acusações caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR).
A investigação começou após a descoberta da aquisição de um sistema de espionagem pela Abin, usado para monitorar alvos específicos. Documentos encontrados com Ramagem continham referências diretas a Bolsonaro, como ‘Bom dia Presidente’ e ‘PR Presidente’, indicando a conexão. A PF também atribui ao ex-presidente e ao vereador Carlos Bolsonaro o comando de uma organização que supostamente usou a Abin para ataques às urnas eletrônicas e espionagem política. Carlos Bolsonaro é apontado como ‘idealizador da inteligência paralela’.
Ao todo, 36 pessoas foram indiciadas no caso, organizado em seis núcleos de investigação. O relatório de 1.125 páginas, assinado pelo delegado Daniel Carvalho Brasil Nascimento, teve seu sigilo levantado pelo ministro Alexandre de Moraes. A PF afirma que as ações clandestinas visavam ‘proteção ao núcleo familiar’ e ‘obtenção de vantagens políticas’, com produtos delituosos destinados a ataques contra adversários e ao sistema eleitoral.