A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi o principal beneficiário de ações clandestinas realizadas na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante seu governo. O relatório, divulgado nesta quarta-feira (18) por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirma que Bolsonaro era o ‘principal destinatário’ das atividades ilegais, coordenadas pelo então diretor-geral Alexandre Ramagem, hoje deputado federal.
Segundo a PF, a estrutura paralela na Abin tinha como objetivos proteger familiares de Bolsonaro, atacar adversários políticos e disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral. Recursos públicos foram usados para promover o voto impresso e evitar ações contra figuras próximas ao ex-presidente, como os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro, este último apontado como integrante do núcleo estratégico do esquema.
Embora 36 pessoas tenham sido indiciadas, Bolsonaro não foi incluído por já ser réu no STF em outro processo. O relatório, no entanto, reforça sua responsabilidade direta na operação, vinculando-a a um suposto ataque mais amplo às instituições democráticas. Entre os episódios citados está a divulgação de dados sigilosos em uma live de 2021, obtidos por meio da Abin.