Um relatório do projeto D³e – Dados para um Debate Democrático na Educação revela que, entre 2001 e 2024, ocorreram 42 ataques de violência extrema em escolas no Brasil. Desse total, 27 episódios (64,2%) foram registrados entre março de 2022 e dezembro de 2024, com 10 casos em 2022, 12 em 2023 e cinco em 2024. O estudo, apoiado pela B3 Social e pela Fundação José Luiz Setúbal, contabiliza 44 mortos (32 alunos, seis funcionários e seis suicídios de atiradores) e 113 feridos.
Segundo a pesquisa, armas de fogo e facas foram os instrumentos mais usados nos ataques, sendo que 78,57% dos casos tiveram como objetivo atingir o maior número possível de pessoas. A maioria dos episódios ocorreu em escolas de nível socioeconômico médio a alto, com São Paulo liderando o ranking (10 casos), seguido por Rio de Janeiro e Bahia (cinco cada). Cerca de 78% dos autores eram menores de 18 anos, e apenas um dos 45 envolvidos era do sexo feminino.
Telma Vinha, pesquisadora da Unicamp e uma das autoras do relatório, destaca que, embora as autoridades tenham avançado na contenção de ataques iminentes, ainda há desafios na prevenção das causas, como o envolvimento de jovens com extremismo online. O estudo aponta fatores como a pandemia de Covid-19, vulnerabilidade emocional de adolescentes e exposição a conteúdos violentos como elementos que contribuíram para o aumento dos casos. Entre as recomendações estão a regulação de plataformas digitais, ampliação de serviços psicossociais nas escolas e educação midiática.