O futebol brasileiro registrou um recorde de receitas em 2024, com os clubes da Série A somando R$ 10,2 bilhões, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior. O aumento foi impulsionado principalmente pelas vendas de atletas e pelos patrocínios das casas de apostas, que representaram 28% das receitas comerciais. No entanto, as dívidas também cresceram, alcançando R$ 14,6 bilhões, enquanto o déficit financeiro acumulado ficou em R$ 283 milhões, revelando um desequilíbrio entre ganhos e gastos.
Apesar do faturamento histórico, as receitas recorrentes – como contratos publicitários, direitos de transmissão e planos de sócio-torcedor – tiveram um crescimento modesto de 4%, abaixo dos 16,4% registrados em 2023. O indicador Ebitda, que mede a geração de caixa operacional, mostrou que, sem as vendas de jogadores, o resultado seria negativo, evidenciando a fragilidade do modelo financeiro atual. Enquanto alguns clubes, como o Flamengo, mantêm números equilibrados, outros dependem excessivamente de transações pontuais para fechar as contas.
O estudo alerta para os riscos da dependência das casas de apostas, setor ainda em regulamentação e sujeito a incertezas, que injetou R$ 579 milhões em patrocínios em 2024. Além disso, os gastos com contratações dobraram, chegando a R$ 3,4 bilhões, sinalizando uma tendência de priorizar resultados imediatos em detrimento da sustentabilidade. Especialistas destacam que, sem um planejamento mais rigoroso, o futebol brasileiro pode repetir ciclos de crescimento seguidos por crises financeiras.