No oeste do Pará, o Quilombo Jauary, território coletivo com 13 comunidades e uma das primeiras titulações definitivas de terras quilombolas do Brasil, destaca-se pela preservação ambiental. Com práticas como roçados rotativos – até seis tipos no mesmo espaço, sem derrubar grandes áreas de mata –, os moradores garantem segurança alimentar e equilíbrio ecológico. O território, que abriga biodiversidade como castanha-do-Pará, cumaru e seringueiras, é também um refúgio de saberes tradicionais, como o uso de plantas medicinais.
Apesar da riqueza ambiental, o quilombo enfrenta pressões constantes, incluindo projetos de hidrelétricas, invasões de garimpeiros desde os anos 1930 e ameaças a lideranças. Daniel Souza, 67 anos, fundador da CONAQ e líder local, relata a resistência da comunidade, que mantém a floresta em pé há 200 anos. ‘Aprendemos com os indígenas a defendê-la e pretendemos continuar resistindo’, afirma Souza, destacando os desafios para preservar o território demarcado.
O Quilombo Jauary é um exemplo de como comunidades tradicionais são guardiãs do meio ambiente, oferecendo soluções enraizadas para a crise climática. Reconhecidos pela Constituição de 1988, os quilombolas representam 0,65% da população brasileira, segundo o Censo 2022. A CONAQ, criada em 1995, luta pelo reconhecimento legal de seus direitos, reforçando a história de resistência e a necessidade de políticas que garantam sua sobrevivência e a proteção de seus territórios.