Mais de dez anos após a descoberta de uma fossa comum com 796 bebês e crianças em um antigo lar religioso na Irlanda, os preparativos para as primeiras exumações começaram nesta segunda-feira (16). O perímetro do local, onde funcionava o abrigo Santa Maria do Bom Socorro de Tuam, a 200 quilômetros de Dublin, foi delimitado para as exumações que ocorrerão no próximo mês. Em 2014, a historiadora Catherine Corless comprovou que as crianças, de recém-nascidas a nove anos, morreram no local e foram enterradas em uma antiga fossa séptica.
Os restos mortais de bebês já haviam sido encontrados em buscas realizadas entre 2016 e 2017. O trabalho de Corless levou à criação de uma comissão de investigação nacional sobre maus-tratos em lares para mães solteiras e crianças. Em 2021, a comissão revelou níveis “alarmantes” de mortalidade infantil nessas instituições, com 9.000 mortes registradas. Entre 1922 e 1988, 56.000 mulheres e 57.000 crianças passaram por 18 abrigos do tipo.
Na época, mulheres grávidas fora do casamento eram enviadas a esses locais pelo Estado irlandês e pela Igreja Católica, que os administravam conjuntamente. Elas davam à luz e eram separadas de seus filhos, muitas vezes dados para adoção. “Quando comecei, ninguém queria me escutar. Eu suplicava: tirem os bebês dessas tubulações, deem a eles um enterro cristão digno”, disse Corless, de 71 anos, à AFP.