O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião, revelou em entrevista nesta segunda-feira, 23, que um grupo de prefeitos brasileiros, incluindo ele próprio, recebeu instruções para atuar como “embaixadores da verdade” durante sua visita a Israel, que coincidiu com o início dos conflitos no país. A delegação, composta por 12 prefeitos, estava no Oriente Médio desde o dia 8 de julho a convite do governo israelense, para participar de um evento sobre inovação em segurança pública. Damião relatou que, um dia antes da saída do grupo, participaram de uma palestra do Ministério da Defesa israelense, onde foram apresentados a dados sobre a guerra, gerando uma intensa discussão sobre as implicações políticas dessa comunicação.
Segundo Damião, a palestra foi conduzida por Rafael Rozenszajn e transformou-se rapidamente em uma estratégia de propaganda, ao invés da esperada discussão sobre planos de evacuação. O prefeito criticou a abordagem, afirmando que o evento não era apropriado para o contexto de conflito e que a intenção de endossar a visão de Israel na crise foi clara. Especialistas em relações internacionais e política externa comentam que essa situação evidencia a complexidade das relações diplomáticas do Brasil com Israel e a necessidade de uma posição mais assertiva e crítica em momentos de crise. As declarações do prefeito levantam debates sobre a responsabilidade de líderes políticos em situações de conflito e a manipulação da informação.
As implicações dessa visita e das declarações de Damião podem ressoar além do episódio específico, refletindo um padrão de como líderes locais são utilizados em agendas internacionais. Com a intensificação das tensões no Oriente Médio, as próximas etapas da diplomacia brasileira podem ser críticas, especialmente em relação ao apoio a direitos humanos e à busca por soluções pacíficas. Observadores ressaltam que a situação exige uma reflexão profunda sobre o papel do Brasil em questões internacionais e a necessidade de um discurso que promova a paz em vez de alimentar a polarização. A experiência vivida por Damião e seus colegas prefeitos pode servir como um alerta para o futuro, especialmente em um mundo onde a desinformação e a propaganda assumem papéis cada vez mais centrais nas crises globais.