Elves de Bem Crescêncio, piloto do balão que caiu em Praia Grande (SC) no sábado, 21 de junho de 2025, não possuía a licença necessária para operar voos comerciais, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O acidente resultou na morte de oito pessoas e deixou outras 13 feridas, em um dos episódios mais graves envolvendo balonismo no país nos últimos anos. Conforme dados do sistema da Anac, Crescêncio detinha apenas o Certificado Médico Aeronáutico, com validade até julho de 2026 — documento que atesta condições físicas, mas não supre os requisitos legais para pilotar profissionalmente. A Anac confirmou ainda que o balão utilizado não possuía certificação oficial. O caso levanta preocupações sobre a fiscalização da atividade e a segurança de voos turísticos no Brasil.
A licença de Piloto de Balão Livre (PBL), exigida para operar comercialmente, envolve uma série de requisitos técnicos e legais, incluindo exames teóricos e práticos, treinamento supervisionado por entidades credenciadas e comprovação de experiência de voo, conforme o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC nº 61). Segundo nota da Anac enviada ao Poder360, Crescêncio não cumpria essas exigências. A ausência de certificação tanto do piloto quanto da aeronave indica falhas regulatórias e possíveis brechas na fiscalização da aviação civil recreativa. Especialistas do setor alertam para o crescimento desordenado do turismo de aventura sem o devido controle, o que, segundo eles, pode ter contribuído para tragédias como essa. Familiares das vítimas e autoridades locais cobram respostas rápidas e responsabilização dos envolvidos.
O acidente em Santa Catarina pode gerar mudanças significativas na regulamentação do balonismo no país. Parlamentares já sinalizam intenção de propor projetos de lei que endureçam a fiscalização e ampliem a exigência de seguros obrigatórios para voos de lazer. O episódio também reacende o debate sobre a capacitação de pilotos atuando no setor turístico, em especial em regiões que vivem do ecoturismo. A Anac afirmou que abrirá investigação formal e poderá aplicar sanções administrativas, civis e criminais. Para especialistas em segurança aérea, o caso ilustra um padrão preocupante de negligência em atividades consideradas de baixo risco regulatório. A tragédia serve como alerta para a necessidade urgente de políticas públicas que conciliem o fomento ao turismo com a preservação da vida humana.