A Polícia Federal (PF) concluiu nesta terça-feira (17) o inquérito que apurou o uso político da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Segundo as investigações, o órgão foi utilizado para espionagem ilegal de opositores. Foram indiciados o ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, além do atual diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, e do número dois do órgão, Alessandro Moretti.
O inquérito apontou a existência de uma estrutura paralela na Abin, conhecida como ‘Abin paralela’, que realizava atividades ilícitas, como monitoramento de adversários políticos. A PF identificou ainda o uso do aparato para ações do chamado ‘gabinete do ódio’, que difamava opositores e disseminava desinformação. Entre os alvos das espionagens estavam ministros do STF, como Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, além de ex-governadores e parlamentares.
As investigações revelaram o uso de um software israelense, o First Mile, para rastrear celulares, com mais de 60 mil acessos entre 2019 e 2023. Em janeiro de 2024, a PF deflagrou a Operação Vigilância Aproximada, com buscas nos endereços de Ramagem. Bolsonaro e Ramagem também são réus no STF por suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.