A Polícia Federal (PF) identificou indícios da participação do ex-presidente Jair Bolsonaro no esquema de espionagem ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), conhecido como ‘Abin paralela’. No entanto, Bolsonaro não foi incluído na lista de indiciados porque já responde por acusação semelhante no Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito sobre a trama golpista. Segundo a PF, o ex-presidente tinha conhecimento do esquema e era o principal beneficiário.
O relatório final da investigação apontou que caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar se Bolsonaro responderá pelo crime de organização criminosa em dois inquéritos distintos: o da ‘Abin paralela’ e o da trama golpista. Em março deste ano, o ex-presidente tornou-se réu por integrar uma organização criminosa acusada de planejar um golpe. Agora, a PGR decidirá se ele será acusado pelo mesmo crime no STF com base nas novas provas.
A PF indiciou 36 pessoas no caso da ‘Abin paralela’, incluindo o vereador Carlos Bolsonaro (PL), o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem e o atual diretor-geral do órgão, Luiz Fernando Corrêa. Todos negam as acusações. Segundo as investigações, o grupo usou ferramentas de monitoramento clandestino para espionar autoridades, adversários políticos, jornalistas e outros, além de disseminar fake news. O caso veio à tona após revelações do jornal ‘O Globo’ em março de 2023 sobre a compra de um sistema espião pela Abin.