A Polícia Federal (PF) concluiu em relatório que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, Carlos Bolsonaro, integravam o núcleo decisório da chamada ‘Abin paralela’, esquema de espionagem ilegal de autoridades. O documento, divulgado nesta quarta-feira, aponta que o ex-presidente era o principal destinatário das informações obtidas clandestinamente, mas ele não foi indiciado por já responder por crimes relacionados ao caso em outra ação penal.
O relatório final, com mais de mil páginas, detalha que o grupo operacionalizava a vigilância ilegal através de um sistema paralelo dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A PF indiciou 36 pessoas no total, entre servidores públicos e civis, por crimes como organização criminosa e violação de sigilo funcional. Segundo as investigações, as vítimas incluíam juízes, parlamentares e autoridades de outros poderes.
Apesar de reconhecer o papel central de Bolsonaro no esquema, a PF optou por não incluí-lo na lista de indiciados desta fase, pois ele já responde por organização criminosa e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito no inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O relatório reforça que o ex-presidente recebia relatórios periódicos das operações clandestinas, que teriam sido usadas para fins políticos.