O Pantanal, um dos mais ricos ecossistemas brasileiros, registrou uma devastação sem precedentes, com 62% de sua área afetada por incêndios nos últimos 40 anos, segundo o Relatório Anual do Fogo do MapBiomas. A análise, que abrangeu o período de 1985 a 2024, aponta que a região teve aproximadamente 9,3 milhões de hectares queimados, o equivalente a cerca de 90 mil campos de futebol. Estes dados alarmantes colocam o Pantanal como o bioma mais impactado do país em proporção da área atingida, estabelecendo um cenário crítico que exige atenção imediata para as causas e soluções dessas queimadas.
A intensificação dos incêndios no Pantanal pode ser atribuída a uma combinação de mudanças climáticas e ação humana, como explica Eduardo Reis Rosa, coordenador de mapeamento do Pantanal no MapBiomas. Ele destaca que as grandes queimadas ocorrem principalmente quando as áreas alagadas secam, um processo natural exacerbado por práticas inadequadas de manejo do solo e alterações climáticas. Além disso, 93% da vegetação nativa do Pantanal foi afetada, comprometendo a biodiversidade e a capacidade de regeneração do bioma. Especialistas alertam para as consequências imediatas, como a perda de habitat e a diminuição da qualidade do ar, e de médio prazo, incluindo a alteração dos ciclos de água e a perda de serviços ecossistêmicos vitais.
As projeções futuras para o Pantanal não são otimistas se as tendências atuais continuarem. A frequência e intensidade dos incêndios tendem a crescer, agravando ainda mais a situação do bioma. Esta crise ambiental ressalta a necessidade urgente de políticas eficazes de conservação e de combate às mudanças climáticas. Além disso, é fundamental que haja uma maior conscientização e envolvimento da comunidade internacional na preservação deste patrimônio natural. Encarar a realidade atual e agir de maneira decisiva poderá definir o futuro do Pantanal e de suas riquezas naturais.