Durante quase uma década, o Eixinho, personagem criado pelo cartunista Humberto Junqueira, encantou leitores do Correio Braziliense com suas reflexões poéticas e humoradas sobre a vida na capital federal. Publicado entre os anos 1980 e 1990, o passarinho que observava Brasília do alto do Congresso Nacional ganhou fama nacional, conquistando até mesmo admiradores ilustres como Ziraldo e Luis Fernando Veríssimo. Com mais de 3,5 mil tiras, o personagem se tornou um símbolo afetivo da cidade, antes de desaparecer das páginas do jornal.
Anos depois, Humberto, agora com apenas 5% da visão devido a uma doença degenerativa, encontrou na tecnologia uma maneira de reviver seu personagem. Com ajuda da família e de ferramentas digitais, ele resgatou as tiras antigas e as compartilhou nas redes sociais, despertando nostalgia em antigos fãs. Aos poucos, o artista também começou a explorar a inteligência artificial para criar novas histórias, adaptando seu processo criativo às limitações impostas pela perda de visão.
O retorno do Eixinho não foi planejado, mas se tornou um reencontro emocionante com o público. Humberto enfatiza que a tecnologia serve como uma extensão de sua criatividade, permitindo que o personagem continue a voar. Para ele, mais do que reviver o passado, o projeto abre portas para que novas gerações descubram o passarinho que, de certa forma, sempre esteve presente no coração de Brasília.