Há 17 anos, a participação de mulheres em cursos de exatas e engenharias na Unicamp permanece estagnada, sem ultrapassar 34% das matrículas. Dados da Comvest mostram que, em 2025, elas continuam sendo minoria em graduações como engenharia da computação (11,96%) e engenharia mecânica (20,57%), enquanto predominam em áreas associadas ao cuidado, como enfermagem (75,61%) e pedagogia (87,76%). Especialistas atribuem esse cenário a estereótipos de gênero que vinculam certas carreiras a homens ou mulheres, destacando a necessidade de incentivar o interesse de meninas pela ciência desde a infância.
Alunas relatam desafios e experiências distintas. Diulia Ribeiro Hostalácio, estudante de engenharia da computação, descreve a sensação de deslocamento em salas majoritariamente masculinas, mas ressalta iniciativas de acolhimento por parte das veteranas. Já Ana Luísa Rosa, do curso de dança, vivencia uma realidade oposta, com turmas predominantemente femininas, e critica a influência de estereótipos sociais desde a infância. A pesquisadora Claudia Bauzer Medeiros, pioneira na computação, aponta que a redução de mulheres na área coincide com a crescente competitividade do mercado, mas defende que a computação é essencialmente social e multidisciplinar.
A Comvest reconhece que a disparidade reflete fatores históricos e culturais, mas destaca esforços para estimular a participação feminina, como campanhas e olimpíadas de conhecimento. José Alves de Freitas Neto, diretor da instituição, afirma que, embora haja avanços, a equidade de gênero em exatas e engenharias ainda está longe de ser alcançada. A discussão reforça a importância de ações contínuas para desconstruir preconceitos e ampliar oportunidades para mulheres em todas as áreas do conhecimento.