Enquanto 133 cardeais se reúnem a partir desta quarta-feira (6) no Vaticano para eleger o novo papa, as mulheres – que representam mais da metade dos 1,3 bilhão de fiéis católicos – permanecem excluídas do processo decisório. A Igreja Católica ainda proíbe o voto feminino em conclaves, a ordenação de mulheres como sacerdotes e a ascensão ao cardinalato, embora o Papa Francisco tenha promovido freiras a cargos de segundo escalão nos últimos anos.
Em 2021, Francisco nomeou a freira Rafaella Petrini como governadora-geral da Cidade do Vaticano, tornando-a a primeira mulher a ocupar o segundo cargo mais alto do Estado papal. Apesar desse avanço simbólico, as estruturas hierárquicas mantêm-se inalteradas: apenas homens podem participar do conclave que definirá o sucessor de Pedro, mesmo as mulheres sendo responsáveis por 80% do trabalho pastoral em comunidades carentes, segundo dados da própria Igreja.
Especialistas em direito canônico destacam que a exclusão feminina dos processos decisórios contrasta com o discurso de inclusão do atual pontífice. Enquanto o Vaticano se prepara para a eleição papal, movimentos católicos femininos reforçam campanhas por igualdade de gênero, pressionando por reformas que permitam às mulheres votar em futuros conclaves e assumir funções litúrgicas plenas – mudanças que, até agora, encontram resistência entre setores conservadores da cúria romana.