A arqueóloga Niède Guidon morreu nesta quarta-feira (4), aos 92 anos. A causa da morte não foi divulgada. Reconhecida internacionalmente, Guidon foi a principal responsável por revelar ao mundo a importância arqueológica do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, e por desafiar paradigmas sobre o povoamento das Américas.
Natural de Jaú (SP), Niède se formou em História pela USP em 1959 e se especializou em Arqueologia Pré-Histórica em Paris, onde também concluiu seu doutorado e pós-doutorado. Em 1973, fixou residência em São Raimundo Nonato (PI), cidade à qual dedicaria o restante da vida. Foi lá que, em 1979, conquistou junto ao governo federal a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara, área de 100 mil hectares que abriga alguns dos sítios arqueológicos mais relevantes do planeta.
Guidon se tornou internacionalmente conhecida por defender, com base em evidências encontradas no sítio do Boqueirão da Pedra Furada, que a ocupação humana no continente americano pode ter começado há mais de 32 mil anos. Sua tese, publicada na revista Nature em 1986, gerou intensos debates acadêmicos. Instituições como a Fumdham, a UFPI e o próprio parque lamentaram sua morte, destacando seu legado para a ciência e a cultura brasileiras.