O Ministério da Fazenda demitiu o auditor-fiscal da Receita Federal Marco Aurélio da Silva Canal por utilizar o cargo para obter vantagens pessoais. A decisão, publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta terça-feira (17.jun.2025) e assinada pelo ministro Fernando Haddad, também impede Canal de retornar ao serviço público federal pelos próximos oito anos. A demissão ocorreu após a conclusão de um processo administrativo que investigou a conduta do funcionário, que havia sido preso em operação da Lava Jato no Rio de Janeiro sob suspeita de liderar um esquema de cobrança de propina.
Marco Aurélio Canal ingressou na Receita Federal em 1995 e ocupava o cargo de supervisor de Programação da Receita na Lava Jato no Rio quando foi detido. Segundo o Ministério Público, ele não atuava diretamente na força-tarefa, mas tinha acesso a informações sensíveis das investigações. As apurações indicam que ele teria usado dados de alvos da Lava Jato para extorquir dinheiro, oferecendo em troca a redução ou cancelamento de multas fiscais. Uma das bases da operação foi a delação de Lélis Teixeira, ex-presidente da Fetranspor, que afirmou que Canal recebeu R$ 4 milhões para impedir uma autuação contra a entidade.
O advogado de Canal, Fernando Martins, defendeu que a prisão foi ilegal e com viés político, baseada em informações de delatores. O caso também envolveu uma investigação da Receita Federal sobre movimentações financeiras de 133 contribuintes, incluindo o ministro Gilmar Mendes, cujos dados sigilosos foram vazados. Em agosto, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu a apuração, alegando falta de critérios objetivos e indícios de ilicitude, e determinou o afastamento de auditores envolvidos.