Neste domingo (1º), o México realiza as primeiras eleições judiciais diretas da história, um processo inédito no mundo que renovará mais de 2.600 cargos, incluindo os da Suprema Corte. A medida, aprovada pelo governo da presidente Claudia Sheinbaum, substitui os tradicionais concursos públicos e indicações por voto popular, mas enfrenta críticas de juristas e especialistas, que alertam para riscos como baixa participação eleitoral e possível influência do crime organizado. Pesquisas indicam que o comparecimento pode não ultrapassar 15%, refletindo a confusão dos eleitores diante de mais de 7.700 candidatos.
A reforma, proposta pelo antecessor de Sheinbaum, foi justificada como uma democratização do Judiciário, mas críticos a veem como uma tentativa de ampliar o controle do partido governista sobre o sistema. Além disso, a falta de requisitos rigorosos para candidaturas — como experiência prévia ou histórico criminal limpo no exterior — levantou preocupações sobre a qualidade dos futuros magistrados. Um exemplo citado é a candidatura de um ex-advogado ligado a um dos maiores cartéis do país, o que alimenta temores de infiltração do crime organizado no Estado.
Enquanto o governo defende a medida como um avanço democrático, associações de juízes e acadêmicos alertam para o risco de autoritarismo e erosão da independência judicial. A eleição também pode redefinir as relações do México com aliados regionais, como o Brasil, em um momento de crescente tensão política na América Latina. Para muitos, o pleito marca um ponto de virada na história do país, com consequências ainda imprevisíveis para sua democracia e estabilidade institucional.