Neste domingo (1º), o México realiza uma eleição inédita para escolher juízes e magistrados por voto popular, marcando uma mudança radical no sistema judiciário. A reforma, aprovada no final do governo anterior, substitui o modelo tradicional de nomeações por indicações políticas por um processo eleitoral direto. No entanto, a complexidade da votação — com seis cédulas distintas e dezenas de candidatos pouco conhecidos — tem gerado desinteresse e críticas sobre a viabilidade do sistema.
A medida, defendida pelo partido governista como uma forma de democratizar um Judiciário considerado elitista e distante, enfrenta resistência de setores que alertam para riscos como a politização da Justiça e a influência do crime organizado. Além disso, a falta de cotas para povos indígenas e as restrições à campanha — que limitaram a divulgação de candidatos independentes — levantaram preocupações sobre desigualdades na representação. Advogados como Camelia Gaspar Martínez, candidata indígena, relatam dificuldades para competir em condições justas.
A expectativa de participação é baixa, com pesquisas indicando que menos de 30% dos eleitores devem comparecer, o que pode comprometer a legitimidade do processo. Especialistas destacam que, sem um engajamento maior, a reforma corre o risco de ser vista como um fracasso, mesmo com o apoio teórico da população à ideia de eleger juízes diretamente. O resultado desta eleição pode definir não apenas o futuro do Judiciário mexicano, mas também o impacto de experimentos democráticos em sistemas tradicionalmente fechados.