Um novo estudo apresentado no Congresso da Academia Europeia de Neurologia (EAN) 2025 revelou que a liraglutida, um medicamento utilizado para diabetes, pode reduzir a frequência de episódios de enxaqueca em mais de 50% entre adultos com obesidade. A pesquisa envolveu 26 participantes que sofriam de enxaquecas crônicas, definidas como 15 ou mais dias de dor de cabeça por mês, durante um período de 12 semanas. Os resultados mostraram uma média de 11 dias a menos de dor de cabeça por mês, além de uma significativa redução nas pontuações de incapacidade. Esses achados não apenas destacam a eficácia da liraglutida, que é também um dos componentes dos medicamentos Saxenda e Victoza, mas também abrem novas possibilidades para o tratamento de uma condição que afeta milhões ao redor do mundo.
A pesquisa foi conduzida pela neurologista Simone Braca, que observou uma melhora notável na qualidade de vida dos pacientes já nas primeiras duas semanas de tratamento. A queda de 35 pontos nas pontuações de incapacidade sugere que a liraglutida não apenas alivia a dor, mas também melhora a capacidade dos indivíduos de desempenhar atividades diárias. De acordo com especialistas, a ligação entre a obesidade e a enxaqueca crônica é bem documentada, e a eficácia da liraglutida pode ter implicações significativas para o manejo de ambas as condições. Embora os efeitos colaterais tenham sido limitados a reações gastrointestinais, a modesta perda de peso observada não foi considerada estatisticamente significativa, levando a uma discussão sobre a prioridade dos benefícios em relação aos riscos no tratamento de enxaquecas.
As implicações futuras desse estudo são vastas, especialmente em um momento em que o tratamento de doenças crônicas como a enxaqueca e a obesidade se torna cada vez mais relevante. Se confirmados em estudos maiores, os resultados podem levar a uma revisão nas diretrizes de tratamento, onde agonistas do GLP-1, como a liraglutida, poderiam ser considerados também para o manejo de enxaquecas. Essa nova abordagem poderá impactar não apenas a qualidade de vida dos pacientes, mas também os custos associados ao tratamento de condições crônicas. Com a crescente pressão para encontrar soluções eficazes para problemas de saúde pública, a pesquisa sobre medicamentos como a liraglutida pode oferecer um caminho promissor, levando a reflexões mais amplas sobre a intersecção entre obesidade e distúrbios neurológicos.