A Justiça de Mato Grosso determinou que a Câmara Municipal de Cuiabá continue pagando os salários de dois vereadores afastados desde abril por suspeita de receber propina para aprovar projetos favoráveis a uma empresa envolvida na obra do Contorno Leste. A decisão, assinada por uma juíza, garante o pagamento mensal de R$ 26 mil aos parlamentares, mesmo com seus suplentes já ocupando os cargos. A Câmara afirmou que cumprirá a ordem, mas destacou preocupações com o impacto financeiro, já que o orçamento prevê remuneração apenas para os 27 vereadores em exercício.
A presidente da Câmara argumentou que os afastados não estão cumprindo funções legislativas, como participação em sessões e comissões, e que um parecer jurídico inicial recomendava a suspensão dos salários. No entanto, a magistrada ressaltou que o afastamento tem caráter cautelar e não configura punição, justificando a manutenção dos vencimentos. Benefícios como verbas de gabinete, porém, continuam destinados exclusivamente aos suplentes em exercício.
As investigações apontam que os vereadores teriam recebido R$ 250 mil em troca de aprovar um projeto que beneficiava a empresa responsável pelo Contorno Leste, obra atrasada e com entrega prevista inicialmente para 2023. Segundo a polícia, parte do valor foi pago via Pix e outra parte em espécie, dentro dos gabinetes dos parlamentares. A empresa envolvida negou participação em irregularidades. O caso segue em apuração.