Menos de 48 horas após os Estados Unidos atacarem instalações nucleares no Irã, a Guarda Revolucionária iraniana retaliou lançando mísseis contra a base aérea de al-Udeid, no Catar, usada pelas forças americanas no Oriente Médio. A ofensiva ocorreu na madrugada de segunda-feira (noite de domingo no Brasil) e não causou danos materiais nem vítimas, segundo autoridades militares. A ação reacendeu tensões na região e gerou críticas de países árabes, que temem uma escalada do conflito. O Irã afirmou ter disparado o mesmo número de mísseis usados pelos EUA em seus ataques às instalações de Fordow, Natanz e Isfahã, sinalizando intenção de simetria bélica. A noite em Doha foi marcada por explosões após a interceptação dos projéteis, assustando moradores locais e gerando ondas de apreensão pela possibilidade de novos ataques.
Segundo o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, os mísseis utilizados eram de curto e médio alcance, semelhantes aos empregados em uma retaliação similar após o assassinato do general Qassem Soleimani em 2020. Contudo, analistas apontam que o contexto atual é mais volátil: o presidente americano Donald Trump tem adotado uma postura mais agressiva e menos previsível do que na ocasião anterior. Autoridades militares, sob anonimato, indicaram que o sistema de defesa da base de al-Udeid conseguiu interceptar todos os projéteis sem comprometer operações militares. Para especialistas em geopolítica do Oriente Médio, a resposta iraniana busca demonstrar capacidade de dissuasão sem desencadear uma guerra total. Ainda assim, o ataque compromete esforços diplomáticos em curso e aumenta a pressão sobre aliados regionais dos EUA, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
A escalada entre Teerã e Washington pode ter implicações duradouras em uma região já marcada por instabilidade. A reação iraniana, embora cuidadosamente calibrada, sinaliza a disposição de Teerã em manter uma postura de confronto proporcional frente a agressões externas. Ao mesmo tempo, a presença militar americana no Golfo Pérsico e a proximidade com aliados estratégicos tornam cada novo ataque um risco potencial para um conflito mais amplo. Observadores internacionais especulam que o Conselho de Segurança da ONU poderá convocar uma reunião de emergência, enquanto diplomatas europeus tentam reativar canais de diálogo. Em meio ao crescente temor de uma guerra aberta, permanece a questão central: até onde ambos os lados estão dispostos a ir antes que o confronto se torne incontrolável?