A Polícia Federal (PF) apontou que servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) utilizaram o programa FirstMile para monitorar desafetos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O software, desenvolvido por uma empresa israelense, explorava falhas no sistema de telefonia para rastrear a localização de celulares de alvos selecionados. O ex-presidente e o deputado Alexandre Ramagem, ex-comandante da Abin, foram indiciados, mas não se pronunciaram sobre o caso.
O FirstMile acessava dados de antenas de telefonia (ERBs) para identificar a localização de dispositivos, aproveitando vulnerabilidades em redes 2G e 3G. Segundo a PF, o sistema permitia espionagem ilegal, atingindo autoridades do Judiciário, deputados e jornalistas. Em audiência no STF, especialistas destacaram riscos à segurança nacional, já que o software era controlado por uma empresa estrangeira.
A Anatel alertou que a autorização de softwares comerciais estrangeiros pode incentivar ataques às redes de telefonia, mesmo com ordem judicial. A complexidade do setor, com 15 mil prestadoras de serviço, dificulta a correção das falhas. O superintendente da Anatel, Gustavo Santana Borges, ressaltou a dependência da sociedade em relação aos celulares e os desafios em um cenário cada vez mais digital.