Uma mulher grávida de nove semanas foi declarada com morte cerebral após sofrer coágulos sanguíneos no cérebro, mas seu corpo permaneceu em suporte de vida contra a vontade da família para preservar o feto. O caso, ocorrido na Geórgia (EUA), reacendeu o debate sobre os limites éticos das leis antiaborto no país, especialmente após a revogação do direito federal ao procedimento em 2022. Especialistas alertam para a falta de previsão legal em situações como essa, onde a gestante está clinicamente morta, levantando questões sobre os riscos para o feto e a autonomia da mulher.
A situação também destacou as disparidades na saúde materna nos EUA, que possui a maior taxa de mortalidade entre países ricos, com números especialmente altos para mulheres negras. A ausência de um sistema público universal e a dependência de seguros privados são apontadas como fatores agravantes, limitando o acesso a cuidados pré-natais. Parlamentares criticam as políticas que priorizam o feto em detrimento da vida e dignidade das gestantes, reforçando preocupações sobre a instrumentalização do corpo feminino.
Enquanto isso, cortes orçamentários ameaçam programas essenciais, como a Iniciativa de Saúde da Mulher, que recentemente teve seu financiamento temporariamente suspenso. A medida, somada à redução de auxílios internacionais, pode impactar milhões de mulheres globalmente, reduzindo acesso a contraceptivos e aumentando riscos de mortalidade materna. O cenário reflete uma mudança nas prioridades do governo, com democratas buscando estratégias alternativas para proteger direitos reprodutivos em meio a um cenário político cada vez mais hostil.