O governo anunciou há duas semanas um aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas começou a recuar no mesmo dia diante da reação negativa do mercado. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou sua posição contrária ao uso do tributo como ferramenta de arrecadação ou apoio à política monetária, defendendo que o IOF deve ser visto como um imposto regulatório. A medida também gerou movimentação no Congresso, que discutiu a derrubada do decreto presidencial, algo inédito em 25 anos.
Galípolo alertou que o aumento do IOF em operações de câmbio poderia ser interpretado internacionalmente como controle de capitais, o que seria indesejado. Ele também comentou sobre o uso do imposto no crédito, argumentando que o ideal seria evitar distorções entre diferentes linhas de financiamento. Embora tenha considerado razoável a aplicação do tributo para criar isonomia entre modalidades de crédito, destacou a necessidade de cautela na definição dos patamares.
O debate ocorre em meio a reuniões entre autoridades econômicas e representantes do setor produtivo, como a Fiesp e o IEDI. A discussão reflete a tensão entre a busca por receitas extras e os riscos de desequilíbrios no mercado financeiro. Enquanto o governo sinaliza flexibilização, o BC mantém sua posição técnica, reforçando a importância de clareza na aplicação de instrumentos tributários.