O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta derrotas e pressões crescentes no Congresso, enquanto a atuação discreta de seus principais líderes divide aliados e gera debates sobre estratégias para conter danos. Na segunda-feira, a Câmara aprovou um requerimento de urgência para acelerar a tramitação de uma proposta que derruba o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), medida defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Apesar das negociações prévias, líderes governistas evitaram confrontos diretos, optando por uma postura mais pragmática.
Nos últimos dias, episódios no Senado evidenciaram a fragilidade da articulação governista. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi hostilizada em uma comissão sem receber apoio público de líderes do governo, como Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (PT-AP). Além disso, o governo sofreu uma derrota na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com a aprovação de um projeto que susta decretos de demarcação de terras indígenas assinados por Lula. Wagner, integrante da CCJ, não registrou voto e deixou a sessão antes da decisão.
Nesta quarta-feira, o Congresso deve ler o requerimento para a criação da CPI do INSS, alvo do governo, além de votar vetos presidenciais a pontos da Lei Orgânica das Polícias Militares. Enquanto isso, integrantes da base avaliam que a postura menos combativa de alguns líderes pode ser estratégica para evitar desgastes com os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP). No entanto, há esforços entre deputados do PT para obstruir pautas sensíveis, como a flexibilização do licenciamento ambiental, que preocupa a ministra Marina Silva.