A consagrada jornalista Glória Maria, falecida em 2023, teve seu nascimento marcado pela simbologia e ancestralidade: veio ao mundo em Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro, no parto realizado pela própria avó, Alzira Braga da Silva, rezadeira reconhecida na comunidade e descrita pela neta como ‘sua consciência negra’. O fato, relembrado pela apresentadora em redes sociais, ocorreu na década de 1950, período em que partos domiciliares eram comuns em regiões periféricas.
Em publicação de 2017, Glória destacou o papel fundamental da avó em sua formação: ‘Aprendi com ela a lutar pela minha liberdade! Sobre escravidão e racismo aprendi com minha própria família! Não no Google’. A frase ressalta a transmissão oral do conhecimento ancestral, já que Dona Alzira, além de parteira, era guardiã das tradições culturais e da memória da diáspora africana.
Filha de descendentes de pessoas escravizadas, a jornalista frequentemente atribuía sua trajetória de resistência aos ensinamentos familiares. A avó, figura central em sua narrativa pessoal, simbolizava não apenas o vínculo afetivo, mas também a preservação da identidade negra em um contexto social marcado pela desigualdade.