A chegada da chinesa Keeta, subsidiária da Meituan, ao Brasil com um investimento de R$ 5,6 bilhões está intensificando a competição no setor de delivery, tradicionalmente dominado por iFood, Rappi e 99Food. A nova concorrente promete expandir sua rede para 100 mil entregadores no país, embora ainda não tenha detalhado suas políticas de remuneração. Enquanto isso, as plataformas já estabelecidas estão ajustando seus modelos: o iFood aumentou o valor mínimo por entrega para R$ 7,50 (moto/carro) e R$ 7 (bicicleta), enquanto o Rappi oferece R$ 10 nos finais de semana e a 99Food retorna ao mercado com um plano que inclui bonificações para entregadores.
A disputa pelo mercado também envolve restaurantes, que enfrentam comissões que variam de 12% a 23% no iFood, enquanto o Rappi e a 99Food adotam estratégias como isenção temporária de taxas ou descontos em planos. Entregadores, por sua vez, reivindicam melhores condições, como valores mínimos de R$ 10 por corrida e R$ 2,50 por quilômetro adicional, além de suporte em casos de acidentes e equipamentos de trabalho. Relatos de profissionais destacam jornadas exaustivas, riscos de segurança e a falta de apoio das plataformas em situações críticas.
Especialistas apontam que o modelo brasileiro de delivery, marcado pela alta informalidade e dependência de grandes plataformas, contrasta com ecossistemas mais integrados, como os da China e dos EUA. A entrada da Keeta pode pressionar por melhorias estruturais, mas o desafio será equilibrar os interesses de consumidores, restaurantes e entregadores. Enquanto isso, as plataformas buscam se diferenciar com iniciativas como crédito para estabelecimentos (iFood) e pontos de apoio para motociclistas (99Food), indicando que a guerra por espaço no setor está apenas começando.