Mesmo com a taxa Selic em 15% ao ano, os fundos imobiliários no Brasil continuam a atrair investidores e realizar emissões robustas, desafiando o que seria considerado um ambiente hostil para produtos de renda variável. Este fenômeno foi debatido no programa Liga de FIIs do InfoMoney, que contou com a presença de Arthur Moraes, professor especializado em fundos imobiliários, e Marcos Baroni, head da Suno Research. Segundo os especialistas, o mercado de FIIs encontrou mecanismos inovadores para prosperar, como a troca de cotas em aquisições, destacando o fundo TRXF11 como referência. Esse cenário aponta para uma resiliência notável do setor, que surpreende até os mais céticos.
O mecanismo de troca de cotas tem sido crucial para a continuidade das operações, permitindo que fundos adquiram imóveis em transações estruturadas com investidores institucionais. Esses investidores, ao se tornarem cotistas, ampliam a liquidez do mercado, conforme explica Baroni. Historicamente, uma Selic elevada inibiria captações significativas, mas a estruturação atual dos FIIs possibilita a atração de capital mesmo em condições monetárias restritivas. Moraes argumenta que o crescimento dos portfólios, com fundos alcançando valores bilionários, diminui o impacto de vendas pontuais e estabiliza o preço das cotas, sinalizando um caminho para a profissionalização do mercado.
As implicações para o futuro dos fundos imobiliários são vastas e complexas. Analistas preveem uma tendência de consolidação, com fundos menores se unindo para formar portfólios mais robustos, o que pode alterar significativamente a dinâmica de mercado. Além disso, a comparação entre o glamour das ações versus a estabilidade dos FIIs continua a ser um ponto de discussão, especialmente em tempos de incerteza econômica. Os próximos passos incluem a potencial regulamentação e a adaptação do mercado a novas realidades financeiras, com a expectativa de que os fundos imobiliários se firmem como uma alternativa sólida para investidores em busca de diversificação. A resiliência demonstrada até agora sugere que os FIIs estão bem posicionados para enfrentar desafios futuros.