A freira brasileira Aline Pereira Ghammachi foi deposta como madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, na Itália, após uma denúncia anônima enviada ao Vaticano durante o interregno entre os papas Francisco e Leão 14. A decisão, tomada há 18 dias, provocou a saída de outras onze religiosas, reduzindo à metade a comunidade monástica do século XVI localizado próximo a Veneza.
Nascida no Amapá e formada em administração, irmã Aline ocupava o cargo desde 2020 e era responsável pela tradução de documentos sigilosos do Vaticano antes de sua nomeação. A religiosa, que dedicou 15 anos à vida monástica, afirma que a acusação anônima carece de fundamentos e caracteriza perseguição, prometendo recorrer às instâncias canônicas para reverter sua destituição.
O caso, que remete a tramas de suspense religioso, levanta questões sobre os mecanismos de governança e transparência na Igreja durante períodos de transição papal. Especialistas em direito canônico consultados pela reportagem destacam a raridade de deposições abruptas em mosteiros de clausura, enquanto o Vaticano ainda não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido.