Entidades agrícolas francesas intensificaram sua oposição ao acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, dias antes do encontro entre os presidentes do Brasil e da França. Em carta, as associações pediram que o governo francês mantenha a pressão contra a ratificação do pacto, citando preocupações com padrões de produção e impactos econômicos. O documento menciona que produtos importados do Mercosul não atendem às regulamentações europeias, como o uso de substâncias proibidas e a falta de rastreabilidade.
As entidades argumentam que o acordo afetaria setores como carne bovina, frango e milho, com perdas estimadas em 2,87 bilhões de euros. Além disso, destacam que exportadores sul-americanos priorizam produtos de alto valor agregado, como cortes nobres de carne e derivados de milho, o que poderia pressionar os produtores europeus. Para o setor de açúcar e etanol, as concessões da UE equivaleriam a cerca de 50 mil hectares de cultivo, parte significativa da produção francesa de beterraba.
O encontro entre os líderes dos dois países deve abordar o impasse sobre o acordo comercial e a lei antidesmatamento da UE, que o Brasil considera discriminatória. Enquanto a França se posiciona contra o pacto, o governo brasileiro busca sua ratificação como uma das prioridades da atual gestão. As discussões ocorrem em um contexto de tensões comerciais entre a UE e os Estados Unidos, com a Comissão Europeia buscando avançar nas negociações.