Um levantamento inédito do Instituto Questão de Ciência (IQC), em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e o Unicef, aponta que a crise na vacinação infantil no Brasil é mais duradoura e crítica do que se imaginava. O Anuário VacinaBR 2025, lançado nesta terça-feira (17), mostra que a cobertura vacinal de crianças vem caindo desde 2015, com queda acentuada a partir de 2020. O estudo revela ainda disparidades regionais, com alguns municípios atingindo 95% de cobertura enquanto outros não passam de 50%.
Em São Paulo, apenas 17 dos 645 municípios atingiram as metas de vacinação infantil em 2023, segundo o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Mais de 97% das cidades paulistas registraram taxas abaixo do ideal, com 108 municípios não alcançando a meta para nenhuma vacina do calendário infantil. O relatório destaca que, apesar de sinais de melhora a partir de 2022, nenhuma vacina infantil atingiu a meta de cobertura em todos os estados no ano passado.
O Ministério da Saúde afirmou que reverteu a tendência de queda após quase uma década de retrocesso, citando ampliação de investimentos e a saída do Brasil da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas. O anuário foi elaborado com base em dados públicos do DataSUS, InfoMS, IBGE e Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos, considerando doses aplicadas, taxa de abandono e homogeneidade de cobertura. Especialistas destacam desafios como a complexidade do sistema de vacinação e dificuldades de infraestrutura em alguns municípios.