Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificou a presença de 14 agrotóxicos na água da chuva coletada em São Paulo, Campinas e Brotas. Entre as substâncias encontradas estão componentes de produtos proibidos no Brasil, com potencial cancerígeno. O herbicida atrazina foi detectado em 100% das amostras, enquanto o fungicida carbendazim, proibido no país, apareceu em 88% do material analisado.
O estudo, publicado na revista Chemosphere, revela que os contaminantes chegam à atmosfera por meio de partículas suspensas ou na fase gasosa, impregnando as gotas de chuva. A pesquisadora Cassiana Montagner, orientadora do trabalho, alerta que, embora não haja risco imediato, a exposição prolongada a essas substâncias pode afetar a saúde humana e animal. A contaminação ocorre mesmo em áreas urbanas, pois os agrotóxicos são transportados pelo vento durante a aplicação nas lavouras.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo afirmou que monitora o uso de agrotóxicos no estado e fiscaliza áreas agrícolas. Desde março de 2024, quando entrou em vigor a nova legislação paulista sobre o tema, 57 multas já foram aplicadas por irregularidades. O estudo serve como alerta ambiental, mostrando que o uso contínuo desses produtos mantém a presença de resíduos na água da chuva, que pode contaminar reservatórios de abastecimento público.