Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificou a presença de 14 pesticidas na água da chuva coletada em Campinas, Brotas e na capital paulista entre 2019 e 2021. Entre as substâncias encontradas estão dois agrotóxicos de uso proibido no Brasil: o fungicida carbendazin e o inseticida carbofurano. O estudo revela que esses compostos se dispersam pelo ar e retornam ao solo e aos reservatórios de água através da chuva.
A concentração de agrotóxicos varia conforme a atividade agrícola local. Campinas, com quase metade do território ocupado por lavouras, apresentou a maior concentração (701 microgramas por m²), seguida por Brotas (680) e São Paulo (223). A atrazina, herbicida proibido em vários países, foi detectada em 100% das amostras, enquanto o carbendazim, banido no Brasil em 2022, apareceu em 88%.
O estudo, publicado na revista Chemosphere em março de 2025, alerta para os riscos à saúde, especialmente em regiões onde a população consome água da chuva devido à crise hídrica. A coordenadora da pesquisa, Cassiana Montagner, destacou que a exposição contínua a esses compostos pode causar danos irreversíveis, mesmo quando as substâncias estão dentro dos limites legais para água potável.