Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificou a presença de 14 agrotóxicos na água da chuva em São Paulo, Campinas e Brotas, incluindo substâncias proibidas no Brasil por riscos à saúde, como potencial cancerígeno. O herbicida atrazina foi encontrado em 100% das amostras, enquanto o fungicida carbendazim, proibido no país, apareceu em 88% delas. O estudo, publicado na revista Chemosphere, alerta para a dispersão atmosférica desses contaminantes, que podem atingir áreas urbanas distantes das lavouras.
A contaminação ocorre quando agrotóxicos aplicados nas plantações se dissipam no ar e se condensam nas gotas de chuva, retornando ao solo e contaminando corpos d’água. A pesquisadora Cassiana Montagner, orientadora do estudo, destacou que, embora não haja risco imediato, a exposição prolongada a essas substâncias pode afetar a saúde humana e animal. A Secretaria de Agricultura de São Paulo afirmou que monitora o uso de agrotóxicos no estado e fiscaliza áreas agrícolas, com 57 multas aplicadas desde março de 2024.
O estudo analisou amostras coletadas entre 2019 e 2021, revelando que todos os pontos de coleta apresentaram pelo menos um contaminante. Em Brotas, região de cana-de-açúcar, o herbicida 2,4-D foi o mais concentrado, substância com efeitos comprovados na fertilidade humana. A pesquisa serve como alerta ambiental, mostrando que o uso contínuo de agrotóxicos mantém sua presença na água de chuva, com padrões variando conforme a cultura predominante em cada região.