Um estudo da Unicamp publicado na revista científica Chemosphere identificou a presença de 14 tipos de agrotóxicos na água da chuva coletada em Campinas, Brotas e São Paulo (SP). Entre as substâncias encontradas, duas são proibidas no Brasil: o fungicida carbendazin e o inseticida carbofurano, associados a riscos reprodutivos e cancerígenos. A pesquisa também revelou que dez dos agrotóxicos detectados são proibidos na União Europeia, mas liberados no país, e quatro não têm concentração segura definida pelo Ministério da Saúde.
Os pesquisadores explicam que os agrotóxicos aplicados nas lavouras se dissipam na atmosfera e retornam ao solo e aos reservatórios de água através da chuva. A exposição prolongada a essas substâncias pode trazer riscos cumulativos à saúde, embora não apresente efeitos imediatos. “A água da chuva não é tão limpa quanto a gente pensa”, alerta Mariana Amaral Dias, pesquisadora do Laboratório de Química Ambiental da Unicamp.
Em resposta aos resultados, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária afirmou que os produtos proibidos encontrados são componentes de defensivos agrícolas autorizados que surgem durante a degradação na natureza. O Ministério da Saúde destacou a necessidade de vigilância constante e práticas agrícolas mais seguras. Desde março de 2024, o estado de São Paulo passou a multar irregularidades no uso de agrotóxicos, com 57 autuações aplicadas em pouco mais de um ano.