Escamas microscópicas encontradas em fezes fossilizadas de 236 milhões de anos, descobertas no Parque Nacional Talampaya, noroeste da Argentina, indicam que as borboletas surgiram muito antes das flores, segundo pesquisa publicada no Journal of South American Earth Sciences. A descoberta, feita em um antigo ‘banheiro coletivo’ de dicynodontes, antecipa em 35 milhões de anos o registro fóssil mais antigo desses insetos, preenchendo uma lacuna entre evidências genéticas e fósseis.
A equipe liderada por Lucas Fiorelli, do CRILAR, identificou uma nova espécie de borboleta, Ampatiri eloisae, cujo nome homenageia uma pesquisadora falecida e os povos indígenas Calchaquí. A análise sugere que a probóscide, estrutura para sugar líquidos, evoluiu entre 260 e 244 milhões de anos atrás, permitindo que as borboletas se adaptassem a ecossistemas dominados por plantas não floríferas.
Paleontólogos como Bas van de Schootbrugge consideram o achado fascinante, mas destacam desafios, como a dificuldade de identificar espécies apenas por escamas. A descoberta abre caminho para novas pesquisas, incluindo a possibilidade de encontrar vestígios ainda mais antigos, remontando ao Período Permiano.