Os mexicanos participaram neste domingo (1º) de uma eleição inédita para escolher magistrados do Poder Judiciário, um processo único no mundo que gerou discussões sobre a independência da Justiça frente a partidos políticos e ao crime organizado. Com uma taxa de participação baixa, entre 12,5% e 13,3% do eleitorado, foram eleitos cerca de 2.680 funcionários, incluindo ministros da Suprema Corte e juízes de primeira instância. A votação, parte de uma reforma constitucional promovida pelo governo, foi defendida como um meio de combater a corrupção, mas também levantou preocupações sobre possíveis influências indevidas no sistema judicial.
Apesar de ser considerada um “sucesso” pela presidente Claudia Sheinbaum, a eleição foi marcada por críticas de setores que a veem como uma tentativa de controle político sobre o Judiciário. Enquanto alguns eleitores apoiaram a mudança, alegando descontentamento com a corrupção histórica no sistema, outros protestaram, classificando o processo como uma “farsa”. Especialistas alertam que a escolha popular de magistrados pode facilitar a infiltração de grupos criminosos, em comparação com métodos tradicionais como concursos públicos.
O ex-presidente Andrés Manuel López Obrador, idealizador da reforma, participou da votação após meses afastado da vida pública, defendendo a medida como histórica e necessária. O governo argumenta que a eleição traz maior transparência, mas relatores internacionais destacam riscos, como a seleção baseada em popularidade em vez de mérito. Enquanto isso, cidadãos expressaram opiniões divididas, refletindo um debate mais amplo sobre o futuro da Justiça no México.