O enfraquecimento do dólar desde o início do governo Trump tem transformado a moeda americana na preferida para financiar operações de carry trade, impulsionando fluxos de capital para moedas de mercados emergentes com juros mais altos. Gestores de fundos destacam que estratégias envolvendo a rupia indiana, o real brasileiro e a lira turca, entre outras, estão ganhando força novamente. Essas operações, que aproveitam moedas de baixo custo para investir em ativos de maior rendimento, tornam-se mais lucrativas quando a moeda emprestada se desvaloriza.
A mudança de cenário ocorre em meio a preocupações com a recessão global e a redução de investimentos em títulos do Tesouro americano, fatores que têm pressionado o dólar. Especialistas apontam que o declínio do “excepcionalismo” dos EUA está incentivando investidores a buscar oportunidades em mercados emergentes, antes evitados devido ao risco cambial. Claudia Calich, da M&G Investments, e Carl Vermassen, da Vontobel, destacam a atratividade de moedas como o peso filipino e o real, reforçando a tendência de carry trades financiados em dólar.
O índice do dólar já recuou 8,5% em 2023, atingindo patamares não vistos em quase dois anos, o que amplia o apetite por moedas emergentes. Bancos como Goldman Sachs e ING relatam crescente interesse de clientes nessas operações, especialmente na América Latina e Europa. Analistas alertam, porém, que quanto maior a adesão aos carry trades em dólar, maior pode ser a pressão para sua desvalorização contínua, criando um ciclo que beneficia moedas de economias em desenvolvimento.