Testemunhas ouvidas no Supremo Tribunal Federal (STF) relataram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) consultou militares sobre a possibilidade de reverter o resultado das eleições de 2022, que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre os depoentes, os ex-comandantes das Forças Armadas Carlos Almeida Baptista Junior e Marco Antônio Freire Gomes afirmaram que Bolsonaro discutiu a prisão do ministro Alexandre de Moraes e analisou formas de se manter no poder. Um documento encontrado na casa do ex-ministro Anderson Torres continha um plano para impedir a posse de Lula.
O general Freire Gomes confirmou ter recebido a ‘minuta golpista’, mas disse ter se posicionado contra a intervenção no processo eleitoral. Já o ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Junior, relatou que o almirante Almir Garnier Santos teria colocado as tropas da Marinha à disposição de Bolsonaro. O ex-advogado-geral da União Bruno Bianco também depôs que o ex-presidente o procurou para questionar a possibilidade de anular o resultado das urnas.
A defesa de Bolsonaro e dos outros sete réus do ‘núcleo 1’ da ação ouviu testemunhas que negaram conhecimento sobre qualquer plano golpista. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o ex-vice-presidente Hamilton Mourão afirmaram que Bolsonaro estava ‘triste’ e ‘isolado’ após a derrota eleitoral. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, interrompeu vários depoimentos para cobrar objetividade das testemunhas e chegou a ameaçar prender o ex-ministro Aldo Rebelo por desacato durante a oitiva.